terça-feira, 25 de março de 2008

Raízes do Brasil - Sérgio Buarque de Holanda

Editora: Companhia das Letras 
ISBN: 978-85-7164-448-9
Opinião★★★☆☆
Páginas: 220 



“Somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra.”


“Toda hierarquia funda-se necessariamente em privilégios.”


“Essa ânsia de prosperidade sem custo, de títulos honoríficos, de posições e riquezas fáceis, (é) notoriamente característica da gente da nossa terra.”


“O quadro familiar torna-se, assim, tão poderoso e exigente, que sua sombra persegue os indivíduos mesmo fora do recinto doméstico. A entidade privada precede sempre, neles, a entidade pública. A nostalgia dessa organização compacta, única e intransferível, onde prevalecem necessariamente as preferências fundadas em laços afetivos, não podia deixar de marcar nossa sociedade, nossa vida pública, todas as nossas atividades. Representando, como já se notou acima, o único setor onde o princípio de autoridade é indisputado, a família colonial fornecia a ideia mais normal do poder, da respeitabilidade, da obediência e da coesão entre os homens. O resultado era predominarem, em toda a vida social, sentimentos próprios à comunidade doméstica, naturalmente particularista e antipolítica, uma invasão do público pelo privado, do Estado pela família.”


“Nos ofícios urbanos reinavam o mesmo amor ao ganho fácil e a infixidez que tanto caracterizam, no Brasil, os trabalhadores rurais.”


“Sinuosa até na violência, negadora de virtudes sociais, qual é a moral da senzala? Contemporizadora e narcotizante de qualquer energia realmente produtiva, a “moral das senzalas” veio a imperar na administração, na economia e nas crenças religiosas dos homens do tempo. A própria criação do mundo teria sido entendida por eles como uma espécie de abandono, um languescimento de Deus.”


“Nenhum método, nenhum rigor, nenhuma previdência, sempre esse significativo abandono que exprime a palavra ‘desleixo’.”


“Aquém da linha do Equador, não existe nenhum pecado.”
  

“As constituições feitas para não serem cumpridas, as leis existentes para serem violadas, tudo em proveito de indivíduos e oligarquias, são fenômeno corrente em toda a América do Sul.”