segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Alice no País dos Espelhos, de Lewis Carroll

Editora: Martin Claret

ISBN: 978-85-7232-730-5

Tradução: Pepita de Leão

Opinião: ★★★☆☆

Páginas: 184

Sinopse: O reverendo Charles Lutwidge Dodgson mais conhecido como Lewis Carroll era um solteirão tímido e excêntrico que lecionava no Christ College em Oxford na Inglaterra vitoriana e escrevia livros infanto-juvenis. Hoje ele é mais conhecido pelas duas obras-primas que escreveu para crianças: Alice no País das Maravilhas (1865) e Alice no País dos Espelhos (1872). Ele escreveu essas histórias para entreter a pequena Alice sua modelo fotográfico filha do deão Liddell que acabou tornando-se a heroína dessas suas duas obras. Os dois livros tiveram extraordinário sucesso na época da publicação e exerceram uma influência avassaladora na posteridade. Aparentemente destinado ao público infantil na verdade ocultam questionamentos de toda espécie lógicos ou semânticos problemas psicológicos de identidade e até políticos tudo sob a capa de aventuras fantásticas.


“– Imagine só se guardassem também todos os meus castigos!... – continuou ela, falando consigo mesma – Que fariam no fim do ano? Oh! Sem dúvida, quando chegasse o dia da punição, eu iria parar na cadeia...”

 

 

“Então Alice ergueu-a em frente do espelho, para que ela visse bem como é feio ser teimosa.

– E, se não se corrigir já e já, eu a atiro para dentro da Casa do Espelho. Quer isso? Agora – continuou ela –, se você der atenção, e não falar muito, eu lhe direi tudo o que sei da Casa do Espelho. Veja, primeiro é uma sala igual à nossa, só que as coisas estão todas viradas; pode ver pelo espelho. Subindo a uma cadeira, vejo tudo... menos a parte que fica por detrás da lareira. E eu desejava tanto ver esse pedaço! Porque eu queria saber se eles lá têm fogo no inverno. A gente só vê que, quando o nosso fogo aqui fumega, naquela sala também sobe fumaça para o ar; mas isso – ora! –, isso pode ser uma fumaça fingida, para a gente pensar que eles lá têm fogo... Vejo também os livros: são bem como os nossos, mas as palavras são viradas: vi isso um dia, porque ergui um livro na frente do espelho, e lá na outra sala também ergueram um. Gostaria de morar na Casa do Espelho, Mimi? E lá lhe dariam seu leite? Quem sabe se o leite do Espelho não é bom para beber... Mas veja, Mimi! Veja aqui! Agora vamos poder passar! Veja, deixando a porta da nossa sala aberta, você pode enxergar uma frestinha do corredor da Casa do Espelho: veja, é bem como o nosso, até onde a gente alcança com a vista, mas lá, mais adiante, há de ser muito diferente. Oh, Mimi, que lindo seria, se nós pudéssemos passar para a Casa do Espelho! Eu sei que lá dentro há muitas coisas lindas! Mimi, faça de conta que o vidrou ficou macio como uma gaze, e que nós podemos atravessá-lo... Mas repare, Mimi, está ficando tudo numa cerração... E, nós podemos passar agora...”

 

 

“– Afirmo-lhe, minha querida – dizia o Rei –: fiquei gelado até as pontas das minhas barbas!

Ao que a Rainha replicou:

– Você não tem barbas...”

 

 

“– Ó Lírio-tigre! – disse ela, dirigindo-se a uma flor que ondulava graciosamente ao vento. – Eu queria que você pudesse falar!

– Mas nós podemos falar – disse o Lírio-tigre, – e falamos sempre que encontramos alguém que o mereça.”

 

 

“Alice nunca pôde esclarecer, quando, mais tarde, pensava nisso, de que modo tinham começado: só o que lembrava é que corriam de mãos dadas, e que a Rainha ia tão depressa, que ela mal podia se manter ao seu lado. E, ainda assim, a Rainha ao sempre gritando: “Mais depressa! Mais depressa!”

E Alice via que não podia correr mais, mas nem fôlego tinha pra dizer isso.

Mas o mais curioso era que as árvores, e as outras coisas ao redor delas, não mudavam de lugar: por mais que corressem, parecia que não passavam adiante de coisa alguma.

– Eu queria saber se todas as coisas se movem conosco – pensava, assombrada, a pobre Alice.

E a Rainha parecia adivinhar-lhe os pensamentos, porque gritava:

– Mais ligeiro! Mais ligeiro! Não fale!

Não que Alice tivesse a menor intenção de fazê-lo, parecia-lhe que nunca mais poderia falar, e cada vez mais lhe faltava a respiração. E ainda assim a Rainha gritava: “Mais ligeiro! Mais ligeiro!” e, puxando por ela, arrastava-a.

Afinal, ela conseguiu dizer, ofegante:

– Estamos perto?

– Perto! – repetiu a Rainha. – Mas nós já passamos há dez minutos! Mais ligeiro!

(...)

A Rainha encostou-a a uma árvore, e disse com ar bondoso:

– Agora pode descansar um pouco.

A menina olhou em roda, muito surpreendida.

– Mas... creio que estive sempre debaixo desta árvore! Tudo aqui está bem como era!

– Pois sem dúvida que está! Como queria que estivesse?

– É que na minha terra – disse Alice, ainda ofegante –, quando a gente corre como nós corremos agora, acha sempre alguma coisa diferente.

– É uma espécie de terra muito vagarosa! – disse a Rainha. – Agora você já viu que, para ficar no mesmo lugar, é preciso correr a bom correr, como você fez.”

 

 

“– E o que é que ele come? – perguntou ela, olhando para o chão, assustada.

– Chá fraco com creme dentro.

Mas ocorreu a Alice uma nova dificuldade.

– E se não achar isso?

– Então ele morre, com certeza.

– Mas isso há de acontecer muitas vezes – observou ela, pensativa.

– Isso sempre acontece – respondeu o Mosquito.”

 

 

“– Eu sou de verdade! – exclamou Alice, chorando.

– Veja, você não fica mais real por chorar – disse Tweedledum –, visto que você é apenas mais uma das coisas do seu sonho. Você bem sabe que não existe de verdade.

– Se eu não fosse real – disse Alice, meio rindo por entre as lágrimas –, tudo isto seria tão ridículo... e eu não seria capaz de chorar.

– Mas você está pensando mesmo que essas lágrimas são reais? – disse Tweedledum com o maior desdém.”

 

 

“– Que é que você quer comprar? – perguntou a Ovelha, erguendo os olhos do tricô.

– Ainda não sei bem – disse Alice com delicadeza. – Gostaria de olhar ao redor primeiro, se me dá licença...

– Pode olhar para o que está em frente e dos lados, se quiser; mas ao redor de você não pode, a menos que tenham nascido olhos atrás da sua cabeça.”

 

 

“Aquilo parecia já irritante, “quase como se fosse de propósito”, pensava ela: sempre que alcançava, à custa de muito esforço, uma moita de juncos cobiçada, aparecia outra mais linda, e mais afastada, que ela não podia alcançar.”

 

 

“– Eu não a reconheceria se tornasse a encontrá-la. (...) Você é tão igual as outras pessoas...”

 

 

“– Olhe para a estrada, e veja se pode avistar algum deles.

– Ninguém aparece na estrada – disse ela.

– Oh! Quem me dera ter tais olhos! – observou o Rei em tom impertinente. – Poder ver ninguém! E a esta distância! Porque eu, o mais que posso fazer, com estes olhos, é ver as pessoas de verdade.”

Um comentário:

Diego disse...

Alice belíssima ! Adoro a personagem e sua personalidade. No país das maravilhas ou através do espelho sou fã.

Gostei da postagem. Segue com o blog, conteúdo show.

Abraço,
Diego França
Blog Vida e letras
http://blogvidaeletras.blogspot.com