quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A busca do Graal: O Andarilho – Bernard Cornwell

Editora: Record
ISBN: 978-85-0106-677-0
Tradução: Luiz Carlos do Nascimento Silva
Opinião: ★★☆☆☆
Páginas: 464
Sinopse: O Andarilho – segundo livro da série Em busca do Graal, de Bernard Cornwell, iniciada com O Arqueiro – é um romance espetacular, conduzido de forma hábil e envolvente. Guerra, tortura, amor, luxúria e perdas – uma saga histórica que apresenta os elementos que consagraram o autor. Uma fábula sobre nobreza e heroísmo que encanta do início ao fim.



“A Inquisição, tal como a ordem de frades dominicanos, era dedicada à erradicação da heresia, e para isso empregava fogo e sofrimento. Eles não podiam derramar sangue, porque isso era contra a lei de Deus, mas qualquer sofrimento provocado sem derramamento de sangue era permitido, e a Inquisição sabia bem que o fogo cauterizava o sangramento e que a tortura não perfurava a pele de um herege e que grandes pesos colocados sobre o peito de um homem não rompiam veia alguma. Em porões fedendo a fogo, medo, urina e fumaça, numa escuridão cortada pela chama de um fogo e pelos gritos dos hereges, a Inquisição caçava os inimigos de Deus e, pela aplicação da dor sem sangue, levava suas almas à bendita unidade com Cristo.”


“A Thomas parecia que homens e mulheres passavam metade da vida brigando e metade amando, e a intensidade da primeira alimentava a paixão da segunda.”


“Certa vez, faz muito tempo, eu vi um frasco de cristal contendo o sangue de nosso Senhor. Foi em Flandres, e o sangue se liquefazia em resposta a uma oração! Há um outro frasco em Gloucestershire, segundo me contaram, mas esse eu não vi. Eu toquei, certa vez, na barba de São Jerônimo em Nantes; segurei um fio do rabo do burro de Balaão; beijei uma pena da asa de São Gabriel e brandi a própria mandíbula com que Sansão abateu os filisteus! Eu vi uma sandália de São Paulo, uma unha de Maria Madalena e seis fragmentos da verdadeira cruz, um deles manchado com o mesmo sangue santo que eu vi em Flandres. Dei uma olhada nos ossos dos peixes com que nosso Senhor alimentou as cinco mil pessoas, senti o corte afiado de uma das pontas de flecha que abateram São Sebastião e cheirei uma folha da macieira do Jardim do Éden. Na minha capela, rapaz, eu tenho um nó de dedo de Santo Tomás e uma dobradiça da caixa na qual o olíbano foi dado ao menino Jesus. Essa dobradiça me custou muito dinheiro, muito. Pois me diga, Thomas, que relíquia é mais preciosa do que todas essas que eu já vi e todas as que pretendo ver nas igrejas da cristandade?”


“– O diabo está trabalhando contra nós, eminência – falou, irritado.
– O diabo está sempre trabalhando contra nós, Bernard – disse o cardeal em tom de reprovação. – É o serviço dele. Haveria algo profundamente errado no mundo se o diabo não estivesse trabalhando contra nós.”


“– Então você falou com o irmão Germain? – perguntou ele a Thomas.
– Quem dera que não tivesse falado.
– Ele é um estudioso, o que significa que não tem colhões.”


“– Sabe por que alguns homens são maus líderes? Porque eles querem que os outros gostem deles.
– Isso é mau?
– Os homens querem admirar os seus líderes, querem temê-los, e acima de tudo querem que ele tenha sucesso. O que é que gostarem dele tem alguma coisa a ver com qualquer desses detalhes?”


“Guy Vexille dissera que Thomas iria querer morrer enquanto tivesse sendo torturado, e isso fora verdade, mas Thomas estava surpreso ao descobrir que ainda era verdade. Tire o orgulho de um homem, pensou, e você o deixa sem nada. A pior recordação não era a dor, nem a humilhação de implorar para que a dor parasse, mas a gratidão que sentira para com o torturador quando a dor realmente parou. Esse, sim, era o detalhe mais vergonhoso de todos.”

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